2018: Um “reset” nas práticas de sustentabilidade das empresas
Com a lenta retomada da economia brasileira, ressurgem as possibilidades de passos maiores nas práticas sustentáveis nas empresas. Passado o auge da crise, “velhos” e bons hábitos como a publicação de relatórios de sustentabilidade e a participação em prêmios e rankings estão novamente na pauta principal das áreas de comunicação e sustentabilidade. Mas, entrando no novo ano, não devemos nos deixar levar e cair na trilha dos mesmos hábitos. Vamos apertar o botão de “reset” e colocar a nossa gestão de sustentabilidade em uma nova base!
Mesmo com o aumento do crescimento, a disponibilidade de recursos financeiros para as áreas de sustentabilidade vai continuar sendo limitada. Isso não é necessariamente ruim, pois demanda a aplicação de práticas que trazem mais eficiência e ganhos financeiros reais. Esse viés do impacto financeiro sempre ameaçou como uma espécie de “espada de Dâmocles”(1) a credibilidade das medidas em prol de maior sustentabilidade. A falta da convicção que tudo isso realmente contribui para a sustentabilidade econômica das empresas cortou muitas iniciativas na raiz. Todos nós sabemos que, no longo prazo, um investimento em sustentabilidade vai ter um efeito econômico positivo. Mas a falta de evidências de impacto mais imediato e de cálculos que podem comprovar isso de uma maneira objetiva sempre silenciaram o discurso dos proponentes das mudanças.
Por isso, o “reset” das propostas de sustentabilidade talvez seja uma grande chance para novas abordagens. Depois dos escândalos dos anos passados, as áreas corporativas devem pensar de forma mais integrada e repensar seus modelos de criação de valor. Dois anos depois do acidente da Samarco em Mariana, o valor do cuidado com o capital natural com certeza será mais apreciado. Depois da Lava Jato, o valor da ética e transparência virou assunto prioritário nos comandos das maiores empresas do Brasil. Esperamos que a sustentabilidade entre definitivamente na pauta dos conselhos de administração e nos dashboards dos CEOs das empresas. Estamos em plena década de “Breakthrough”, conforme a chamada de John Elkington, promotor da teoria dos três pilares, e a hora de criar mudanças efetivas já chegou.
Ferramentas para efetuar esse “reset“ não faltam: Com a entrada em vigor das Normas GRI e de novos marcos regulatórios na área do relato, o caminho para um reporte de sustentabilidade mais exigente está aberto. Além disso, o conceito do Relato Integrado já inclui o impacto financeiro na abordagem de materialidade. Finalmente, os investidores demandam cada vez mais evidências de práticas sustentáveis, olhando a fundo a cadeia de valor das empresas. Vamos aproveitar essas oportunidades e repensar nosso modo de agir na área de sustentabilidade: Ser mais eficientes e mais convincentes e mostrar o real valor das ações, sem cair na trilha dos velhos hábitos.
(1) Expressão oriunda da mitologia grega. Dâmocles era conselheiro da corte de Dionísio o Velho, tirano de Siracusa, célebre ao longo da história, pelo lendário episódio da Espada de Dâmocles, que se tornou uma expressão que significa perigo iminente.